segunda-feira, 3 de maio de 2021

Adenovírus replicantes: o que são e quais os riscos quando usados em vacinas

Na semana passada foi negada pela ANVISA a importação da vacina Sputnik V, entenda o motivo técnico que levou tal decisão e tire as vossas conclusões.

Entre os motivos para invalidar a liberação está o suposto risco à segurança em razão do uso de adenovírus replicantes na composição da vacina.

Adenovírus é o vírus causador do resfriado em humanos. Eles são usados como vetores virais em pelo menos quatro vacinas contra o coronavírus utilizadas no mundo

  • CanSino - adenovírus serotipo 5 (Ad5)
  • AstraZeneca/Oxford - adenovírus de chimpanzé
  • Janssen (Johnson & Johnson) - adenovirus serotipo 26 (Ad26)
  • Gamaleya (Sputnik V) - adenovírus sorotipo 5 e 26

 Em todas elas, os adenovírus são inativados, ou seja, perdem sua capacidade de se multiplicar no organismo humano.

Tipo de vacina existente contra a COVID-19

Existem 14 vacinas aprovadas no mundo contra a COVID-19. Outras 184 estão em desenvolvimento, das quais 91 em fase de testes clínicos, segundo a OMS.

Esses imunizantes podem ser classificados em três categorias:

1ª Geração

São as vacinas consideradas clássicas, que usam um vírus, no caso o Sars-Cov-2, inativado ou atenuado para gerar a resposta imune. Ou seja, são micro-organismos que são capazes de se replicar.

É o caso da CoronaVac.

2ª Geração

São vacinas produzidas com proteínas dos vírus que são reconhecidas pelas defesas do corpo.

É o caso da americana Novavax.

3ª Geração

São as vacinas genéticas, como da Pfizer/BioNtech, e as vetorizadas, como a de Oxford. No primeiro caso, o imunizante é feito com material genético do vírus. As vetorizadas utilizam um vírus enfraquecido que transporta os genes virais para dentro das células, desencadeando a reação imunitária.

O que são adenovírus replicantes

Todas as vacinas contra o coronavírus licenciadas atualmente são de vetores não replicantes, e os vetores mais utilizados neste tipo de vacina são os adenovírus. Isto é, para evitar que o vírus do resfriado se multiplique no organismo humano, o adenovírus é modificado geneticamente, e parte de sua estrutura responsável pela sua multiplicação é retirada. Com isso, o adenovírus se torna não replicante ou de replicação deficiente.

Na vacina de Oxford, a escolha de compor o imunizante com adenovírus de chimpanzés não é em vão. Por ser um vírus que causa resfriado nos primatas, não em humanos, é mais um fator de segurança, embora ele também seja inativado durante sua composição. 

Um imunizante que usa adenovírus causador de resfriado em sua composição precisa comprovar que eles estão inativados, sem a capacidade de se multiplicar no organismo humano. 

No que a Sputnik V difere das outras vacinas

Entre todas as vacinas contra a Covid-19 já registradas no mundo, a Gam-COVID-Vac (nome oficial da Sputnik V) é a única desenvolvida com dois adenovírus, nomeados de D-26 e D-5, aplicados um em cada dose, o que pode ser considerado duas vacinas em uma.  

Na primeira dose, o D-26 leva a proteína S para dentro das células humanas, o que causará uma resposta do sistema imunológico, que começa a criar defesa contra a proteína e, consequentemente, anticorpos contra o coronavírus.

Na segunda dose, 21 dias depois, entra em cena o D-5, outro adenovírus que fará o mesmo papel, mas, ao mesmo tempo, tende a ser o diferencial mais assertivo do imunizante. Isso porque, segundo cientistas, por ter duas ‘fórmulas’ diferentes, essa vacina pode ajudar a produzir mais anticorpos contra o coronavírus e ser a responsável pela alta eficácia contra o vírus Sars-CoV-2. 

Fontes: Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e João Viola, presidente do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Camila Neumam. 

Adenovírus replicantes: o que são e quais os riscos quando usados em vacinas

Na semana passada foi negada pela ANVISA a importação da vacina Sputnik V, entenda o motivo técnico que levou tal decisão e tire as vossas c...